Quem foi Zeca da Casa Verde

          
         O poeta nasceu dia 23 de março de 1927, em São Paulo. Ainda novo, aos 13 anos, atuava como passista-mirim na escola de samba do Morro das Perdizes (a primeira escola de samba de São Paulo).
Nessa época, o samba de São Paulo vinha do interior, vinha das lavouras de café, e foi em um dessas lavouras que Zé Maquininha pai de Zeca, aprendeu samba, congada, reisado. Era o samba batuque, o samba de trabalho, o samba do toco onde resgatavam sua identidade perdida nos navios negreiros com o som de seus instrumentos peculiares, Zé Maquininha veio para São Paulo e trouxe junto consigo, o samba.
            São Paulo na época, buscava um desenvolvimento desenfreado com um projeto de extermínio do povo negro e sua cultura, sendo assim,  depois de viverem  de forma improvisada nas lavouras, partem para São Paulo e não sendo aceitos nos grandes centros se deslocam para a periferia em um movimento urbanístico de marginalização. 
           Com um estilo próprio, o samba paulista acostumado à árdua vida nas lavouras de café  deu origem ao samba “durão” puxado para o batuque e decisivamente influenciado por outros ritmos fortemente percussivos, como o jongo-macumba conhecido por caxambu.
          Em São Paulo Zé maquininha, foi capitão de congada e sua esposa Dona Chica foi ser a bandeira da congada, e Zeca da Casa Verde nessa época uma criança, foi ser sentinela da congada. Dessa época data o inicio da relação entre o carnaval e a violência: a repressão policial sofrida pelos sambistas, feita de forma dura e descriteriososa. Os sambistas, não só no carnaval, mais durante todo o ano., eram vistos como vagabundos marginais duramente perseguidos pelas autoridades.
                Na contramão de um sistema repressivo a arte popular/negra era passada de pai pra filho, a filosofia se aprendia na batalha, quando o Zé Maquininha foi falar com Deus, o Zeca da Casa Verde teve que se virar fez de tudo um pouco pela sobrevivência dando um duro na lida da vida. Mais entre sonhos e realidade entrou para o samba de verdade o samba dos cordões. Foi pro Morro das Perdizes depois para Camisa Verde e Branco, depois para o Morro da Casa Verde onde tirou diploma de sambista e ficou conhecido como Zeca do Morro, O Zeca da Casa Verde, Zeca Ternura. Chegando a ser reconhecido como um dos criadores de uma das melodias mais ricas do Brasil.
                Pensando em Samba de São Paulo, é possível ser ver uma grande ausência de registro cultural musical de poetas como Zeca da Casa Verde. Contrariando essa lacuna formal, sobrevive a rica vivência de alguns senhores e senhoras que conviveram de forma tão poética e sincera  com Zeca, memórias essas que nos estão sendo passadas ao longo de cada entrevista feita.  
          O acesso à obra de Zeca da Casa Verde e informações sobre o momento histórico em que se finda a escravidão e a vinda dos negros dos interiores para São Paulo é uma realidade apenas contada por pessoas de mais idade, informações às quais, mesmo com a internet,  temos grande dificuldade em ,onhecer isso justifica esse projeto e o configura como um grande "tesouro" ao qual todos agora, terão acesso.

Talismã, Plinio Marcos, Geraldo Filme e Zeca da Casa Verde

                        
Capa de disco de Plínio Marcos com a participação de Zeca da Casa Verde 
e Toniquinho Batuqueiro